23 janeiro 2016

A verdadeira cegueira


Oi pessoal! Como vão?
Quem me acompanha no Instagram sabe da mini resenha que eu fiz de Surpreendente! por lá. Então provavelmente vocês já sabem o quanto esse livro foi importante pra mim. 


Assim que eu iniciei a leitura e me deparei com a situação do nosso protagonista, eu não conseguia parar de pensar em um texto que eu havia lido uma vez sobre cegueira. Ele define muito bem os acontecimentos que cercam Pedro e todos os seus sentimentos em relação à eles e, principalmente, a grande moral da estória. O texto é lindo, tocante de um jeito único assim como o livro foi.
O texto conta com os devaneios de um garoto que enxerga, Sebastián, se contrapondo com os de um que não vê, Rama. O texto é em espanhol mas eu resolvi traduzi-lo para que vocês pudessem ler. Eu espero que gostem.

Sebastián: Olhar é o mesmo que ver?
Rama: Poder olhar é o mesmo que poder ver? Não posso ver mais os olhos tristes e expressivos de alguém ou, as mil caras que alguém pode fazer em um minuto. Não posso ver a cor cinza de uma tarde de chuva. Mas, isso significa que não posso mais olhar?
Sebastián: Poder olhar é seguir em frente.
Rama: Não posso ver o que todos os outros veem.
Sebastián: Vejo o que todos os outros não veem. Ver seu próprio umbigo e mais além dele.
Rama: Todos os dias sofro pelo o que não posso ver.
Sebastián: Todos os dias sofro pelo que vejo. O egoísmo. Se, se pode olhar sem ver...
Rama: Então, o que é a cegueira? Quando sente o que o outro sente você não precisa ver. Quando você enxerga além de seu umbigo.
Sebastián: É como ver uma cara triste e se sentir triste. Como ver lágrimas e começar a chorar. Não é ver. É sentir.
Rama: E agora que não posso mais ver é que comecei a ver. E vejo tudo o que olhamos para não ver o importante. Uma pessoa vê com os olhos, mas também podemos ver com as mãos, com o nariz, com os ouvidos. Para não ver tem que se desconectar, se isolar.
Sebastián: Todos sós, não veem, não escutam, não cheiram. Se escondem, preocupados com si mesmos.
Rama: "O essencial é invisível aos olhos" é muito, mas muito mais do que uma frase feita.
Sebastián: Não há pior cego que aquele que não quer ver.
Rama: Sentir com o outro o que o outro sente.
Sebastián: Isso nos faz melhores.
Rama: Isso nos faz amar e ser amados.
Sebastián: Sem isso estamos sós.
Rama: Porque ver o outro é um ato fisiológico, mas olhar o outro é um ato de amor. Não adianta olhar pra ver, nem ver pra sentir... Porque no fim das contas, não sentir é a verdadeira cegueira.

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